Estamos há muito tempo vivenciando e falando em crise econômica e financeira. São pelo menos três anos em que os índices econômicos não trazem qualquer notícia positiva. Em alguns setores específicos há, de quando em vez, uma perspectiva de melhora mas falta a ela sustentabilidade.
Durante este tempo convivemos com aumento do desemprego, alta da inflação, queda do PIB, perda do grau de investimento associado ao rebaixamento da nota e selo de bom pagador por agências internacionais, queda da produção industrial assim como nos setores de comércio e serviços.
Alimentando esse cenário caótico tivemos um processo de impeachment da Presidente da República abastecido por inúmeras notícias de corrupção e falcatruas envolvendo importantes empresas, empresários e políticos. Esse enredo de filme “hollywoodiano” perdura por tanto tempo que nem mesmo integrantes do script estão aguantando o desenrolar da situação sem que haja uma definição dos fatos. Entre eles escutamos colocações como “...há uma impaciência da sociedade com a demora.....”.
Estamos, agora, na página seguinte do enredo. Após mais de dez meses de tramitação o impedimento da Presidente foi votado, temos em consequência de todo esse cenário seguidos meses de redução do nível de emprego totalizando mais de onze milhões de desempregados, temos recorde de pedidos de recuperação judicial de empresas, temos o PIB de 2016 com perspectivas de ser o segundo pior em termos de desempenho no mundo com redução de 3,5%.
Imaginamos nessa conjuntura, o trabalhador que perdeu seu emprego, tem obrigações a cumprir, torce por uma nova oportunidade, busca alternativas de sobrevivência e fica durante dez meses recheado de notícias falando sobre impeachment, suas audiências, idas e vindas, defesas e acusações, ritos e datas. Imaginamos, também, em prazo bem maior do que dez meses, esse mesmo trabalhador tendo uma avalanche de informações sobre corrupção e falcatruas envolvendo setores privado e público, isso tudo acarretando que empresas líderes de mercado tenham problemas com projetos, obras e contratos, reduzindo investimentos, que consequentemente impactam em fornecedores e subfornecedores.
Pensamos, também, nos empresários que através de grandes esforços estão lutando para manter as atividades em andamento, reduzindo custos, cortando investimentos, fazendo o possível para segurar sua força de trabalho, e da mesma forma estão envolvidos nesse turbilhão de informações políticas, econômicas e imorais.
Dá mesma maneira temos os investidores que canalizaram recursos em determinada atividade ou que pretendem direcionar esse investimento, mas a retrospectiva de equilíbrio econômico e financeiro bem como de sustentabilidade operacional não é das melhores, dai, muitas vezes, esse direcionamento de recursos acaba indo para outros países.
Tivemos um bom exemplo do que somos capazes – todos nós, o País – com o evento das olimpíadas, quando a desconfiança do que seria possível fazermos estava estampada no rosto de muitos. O País em crise, lava jato em andamento, zika sobrevoando a nação, crise financeira nos Estados, ciclovia caindo, instalações da vila olímpica sem condições de uso, boatos de ameaças terroristas, e de repente, para a surpresa de todos, o mundo reconheceu que somos capazes e nos elogiou, e nós mesmos concluímos, mais uma vez, que somos capazes.
Agora, com mais essa confirmação sobre a nossa força de trabalho e sobre a vontade de fazer o certo ser em indicativos do caminho a seguir, isso ratificado pelo fato do mundo ter presenciado que mesmo com essas situações desfavoráveis todas, quando queremos fazer o melhor, nós fazemos, seria importante olharmos para o nosso País, para nós todos, com certezas de mudanças. Olharmos para políticas urgentes voltadas a alavancar a economia trazendo perspectivas aos desempregados e aos empresários de todas as alas do mercado. Políticas urgentes que demonstrem a população que alguém pensa em nós, e que não podemos, jamais, perder as esperanças. Políticas econômicas sustentáveis que possam trazer alento aos últimos anos de dificuldades que vivenciamos.
Cuidados devem ser observados e muito bem administrados com relação a expectativa que todos nós temos de mudanças. É imprescindível que elas venham rápidas e sejam precisas. Não há tempo para erros e acertos, as propostas devem ser exclusivamente de acertos para não entrarmos em novo círculo de descontentamento. O mais importante é a certeza de que quando queremos, fazemos o certo e o melhor. O País, que somos todos nós, assim espera e torce por novos tempos.
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