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  • Foto do escritorGrupo Bahia & Associados

INCONSISTENCIAS CONTÁBEIS

Nos últimos dias temos escutado muito essa expressão – inconsistências contábeis.

O motivo está, praticamente, em todas as formas de mídia, e tem relação com a descoberta de um sério problema contábil, ou como dizem um rombo contábil, na ordem de R$ 20 bilhões em uma das grandes varejistas do país.

Empresa com valor patrimonial estimado em R$ 14 bilhões, com mais de 3600 lojas em todo país, 40.000 funcionários, 53 milhões de clientes, e recolhimento de impostos anualmente na ordem de R$ 2 bilhões.

A questão, dizem estar relacionada ao não registro, de forma correta, ou, transparente, de operações financeiras de compras nas quais a companhia é devedora de instituições financeiras, sendo que essas operações estavam refletidas na conta de fornecedores. O impacto da divulgação foi imediato com a queda do valor das ações da companhia, receio do mercado financeiro pelos desdobramentos dos fatos que indicam o valor da dívida da empresa chegar a R$ 40 bilhões, e a credibilidade arranhada inclusive com abertura de investigação pelo Ministério Público Federal em São Paulo para investigar o uso de informações privilegiadas para se obter lucros e vantagens no mercado financeiro.

Em resumo, a questão da inconsistência esta na chamada operação de risco sacado, ou, adiantamento aos fornecedores, sendo que a mesma (inconsistência), tudo índica, é também de anos anteriores. A operação é caracterizada pela presença de bancos na estrutura de fornecimento para a empresa, ou seja, a “oferta da operação para o mercado” ocorre como forma de dar força, dar poder financeiro, a cadeia de fornecimento. Assim o fornecedor faz a venda, entrega a mercadoria, e o prazo de recebimento que consta na Nota Fiscal ou título de cobrança que a represente é o equivalente ao prazo de financiamento que o banco oferece para a operação podendo o saque/recebimento ser antecipado, o banco é o credor do risco sacado, o fornecedor recebe do banco, e o comprador tem a dívida junto ao banco. Nessa operação a empresa adquirente da mercadoria tem maior possibilidade de alongar prazos de pagamentos, a sua estrutura (estrutura da operação) é de uma operação de crédito, em que banco e empresa adquirente são os garantidores das compras com taxas mais acessíveis tendo em vista a boa relação entre eles. Para a empresa adquirente a operação é boa pois alivia o seu caixa e possibilita uma boa administração no trabalho com recursos de terceiros com taxas mais acessíveis. Para a empresa vendedora a operação também é boa pois há uma maior garantia de recebimento podendo o mesmo ser antecipado, ou seja, provisão para devedores duvidosos igual a zero.

No caso da varejista que estamos comentando as operações de risco sacado não constavam em seus balanços de determinados períodos, a informação dessa dívida financeira não ocorreu, sendo o valor dos fornecimentos alocados na conta de fornecedores, e os juros pelo “financiamento” nas aquisições, e que deveriam ser pagos aos bancos, ou, as despesas financeiras, estavam contabilizados como redução da conta de fornecedores. Resultado, um valor significativo (R$ 20 bilhões) em aberto com os fornecedores. Assim o que seria uma dívida financeira a ser paga aos bancos, teve registro como passivo junto a fornecedor de mercadorias.

Essa situação traz um alerta importantíssimo as empresas quanto as variedades de formas de se utilizar créditos para dar fôlego financeiro a operação, porém os registros contábeis da transação necessitam ser detalhados, o quanto necessário for, para se distinguir e refletir se a operação em questão é de caráter mercantil, é de natureza financeira, o compromisso deve ser quitado em qual período, mas compromisso com quem com o fornecedor, ou com a instituição financeira que financiou a compra, essa quitação tem encargos, qual a forma de reconhecimento dos mesmos como parte da operação, o que é custo, e o que é despesa financeira na operação?

Enfim, ocorrência que deve servir como um alerta para várias empresas, considerando que a operação identificada como “risco sacado” tem sua maior utilização do mercado atacadista e varejista, mas pode ocorrer desdobramentos da mesma em outras áreas de negócio.

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